sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Trajetória do Cinema Brasileiro - Parte II

Como havia prometido, aí estão as outras épocas do cinema brasileiro:

4ª época – 1933 a 1949

Nesse período a produção é quase exclusivamente carioca. Artisticamente, Humberto Mauro permanece com maior importância, produzindo o filme “ Favela dos meus amores”, contemplando o lirismo com simpatia dessa parcela do povo.
Filmes com os atores Oscarito e Grande Otelo asseguram ao cinema nacional um contato maior com o público brasileiro.



O que irá prevalecer nos últimos anos desse período é a “chanchada”, filmes cômicos e populares que atualmente são considerados obras sem valor, mas na época era o que havia de mais estimulante no cinema nacional.

5ª época – 1950 a 1966
Durante a década de 50 o aumento da produção foi constante, mais de 30 filmes anuais. O aparecimento de Amácio Mazzaropi trouxe uma certa diversificação na chanchada, compondo um Jeca cômico e com sentimentalismo.




Os filmes produzidos a partir de 1960 distribuem-se de forma equilibrada entre os mais variados tipos de produções:

  • A comédia urbana e popular – Gênero que alcançou popularidade na década de 1950-1960, com a proliferação da chanchada carioca e suas variações: o filme carnavalesco e a paródia satírica.

    • O drama rural – gênero dramático ambientado no meio rural e interiorano. Tipo de gênero que atraiu o público pelo fascínio paisagístico e humano das regiões nordestinas e sertanejas, além do mito de Lampião, jaguncismo, coronelismo.

      • Drama político, social e psicológico – gênero preferido do Cinema Novo.

        • Drama cosmopolita – películas de temática internacional que possuem audiência considerável. Normalmente, são filmes que exploram a violência, a sexualidade e escândalos sociais.

          • Em 1961, estréia Glauber Rocha com a erupção do Cinema Novo,que tinha como principal proposta apresentar um moderno cinema.



            Os filmes dos anos 60 estruturam-se em metáforas. Isso pode ser notado nas produções designadas de “estética da fome” em que a metáfora era questionar os problemas sociais e no “cinema marginal”, onde a metáfora residia na “estética do lixo”, isto é, apresentar a experiência do subdesenvolvimento e a situação do Brasil como país periférico.
            Um destaque dessa época foi o filme O pagador de Promessas (1962),
            o primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar (1963) e
            o primeiro, e até agora o único filme nacional, premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

            6ª época -1967 a 1989

            Esse período foi marcado pela censura das artes que se agravou ainda mais com a instituição do AI-5. Em 1969 a Embrafilme começa a funcionar. Esse órgão foi instituído pelo governo militar para administrar o financiamento da distribuição do produto nacional, sendo uma fonte de produção cinematográfica brasileira que, curiosamente, chegou a financiar filmes que depois de prontos sofreriam a censura do próprio regime militar. Embora a Embrafilme fosse uma mola propulsora para a produção nacional grande parte dos beneficiados acabaram sendo membros influentes do Rio de Janeiro.
            Nos anos 70 surge a figura do malandro ( Hugo Carvana) que auxiliou na reconciliação do filme brasileiro com o público.
            Filmes que figuram como uns dos maiores sucessos de bilheteria da produção nacional foram produzidos nessa época. É o caso, por exemplo, de Dona Flor e seus Dois Maridos (9,5 milhões de espectadores, lançado em 1976, direção de Bruno Barreto) e das pornochanchadas

            7 época – 1990 a 2008

            Em 1990, o cinema brasileiro passa por uma situação conturbada, trata-se do fechamento da Embrafilme durante o governo Collor, o que desencadeou numa grave crise. Para se ter uma idéia das proporções que o problema tomou, em 1992 apenas dois filmes de longa-metragem foram lançados no Brasil.
            Felizmente, no final de 1993, durante o governo Itamar Franco, o cinema nacional foi impulsionado com o surgimento da Lei do Audiovisual. Essa lei garantia a dedução do imposto das empresas que investissem na produção nacional, e no caso das empresas estrangeiras havia dedução de imposto da remessa de lucros para o exterior. Na prática, a Lei do Audiovisual mostrou-se mais eficaz para estimular a produção, deixando em segundo o plano a distribuição e a exibição.
            O filme Carlota Joaquina (1994) marcou o recomeço da atividade cinematográfica no país, sendo o marco da conhecida “retomada”. O filme foi distribuído pela própria diretora, Carla Camurati e realizado com baixo orçamento, 630.000 reais, e atingiu 1,3 milhão de espectadores.
            Em 1995, estreou O Quatrilho (Fábio Barreto) que foi o primeiro filme a captar recursos pela Lei do Audiovisual. Essa produção também teve um retorno positivo com o público brasileiro. Além da reconquista do espectador nacional, os filmes brasileiros foram, sucessivamente, tornando-se reconhecidos no exterior e concorrendo a prêmios. Entretanto, a obrigatoriedade de exibição provavelmente continuou privilegiando os títulos com mais apelo comercial.
            Em 2002, apenas dois filmes nacionais, Cidade de Deus e Xuxa e os Duendes, aparecem entre os 50 lançamentos mais vistos pelo público brasileiro. No ano de 2005 foi lançado o filme de maior bilheteria da retomada do cinema brasileiro, trata-se de 2 Filhos de Francisco que conseguiu levar às salas de cinema 5.319.677 espectadores (dados da Ancine).

            Em 2007, os destaques foram Tropa de Elite e a A grande família, já no primeiro trimestre de 2008, segundo dados divulgados pelo portal Filme B, o filme Meu nome não é Johnny abarcou o maior público (dois milhões), mas nesse mesmo período o público nacional para filmes estrangeiros foi de 19,70 milhões, enquanto o dos brasileiros foi apenas de 2,90 milhões. Com isso é possível constatar que, apesar do otimismo trazido com a retomada, ainda há uma grande desigualdade entre o público do nosso cinema e o do estrangeiro.



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