quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mazzaropi e o eterno Jeca Tatu


Quando se fala em cinema retratando o meio rural, é difícil não se lembrar dos filmes de Amácio Mazzaropi. Ao todo foram 32 produções nacionais que levavam de forma cômica o homem do campo às telonas e conquistavam o grande público, apesar de duras críticas da elite cinematográfica nacional.
Para representar os filmes de Mazzaropi, escolhi colocar no cinebrasileiral "Jéca Tatú" , através desse filme a denominação
jeca cheia de estereótipos apareceu pela primeira vez no cinema brasileiro.

Ficha técnica:
Título original: Jéca Tatú
Lançamento: 1959
Gênero: Comédia
Duração: 95 min.
Direção e roteiro: Milton Amaral
Argumento: Amácio Mazzaropi
Produção: PAM Filmes
Elenco principal: Mazzaropi, Roberto Duval, Geny Padro, Nena Viana, Franciso de Souza, Miriam Rony, Marlene França e Marthus Mathias.

Baseado na história "Jeca Tatuzinho", de Monteiro Lobato, o filme Jéca Tatu conta a história de um caipira preguiçoso que vê a sua propriedade ameçada por causa da ganância de um latifundiário vizinho, Sr. Giovanni. Entre a briga dos dois, está o personagem Vaca-Brava, o vilão da história, que ao saber da paixão da filha do jeca pelo filho do latifundiário, começa a armar para que as disputas dos dois proprietários atrapalhe o romance.

É interessante no notar no filme como o jeca é construído de forma caricata, sendo a representação de um homem desengonçado, preguiçoso e ingênuo. Outro fator que não pode deixar de ser notado é como o padrão hollywoodiano influenciava na produção dos filmes brasileiros. O personagem Vaca-brava é praticamente um cowboy, a juventude que aparece no filme quando o jeca vai para a cidade, parece retirada de um filme norte-americano e sem nenhuma contextualização real, com o enredo, apareciam musicais no filme, como por exemplo, a interpretação de Tony e Celly Campello da música "Tenho tempo para amar" ( veja o vídeo abaixo) e a de Agnaldo Rayol sobre uma cerca cantando "Estrada do Sol".

E, claro, além de ser possível refletir sobre a produção da época, jeca tatu é capaz de, ainda hoje, despertar risos, comover o espectador e trazer para a discussão a polêmica levantada por Mazzaropi numa entrevista à Veja em 1970, quando foi questionado sobre o Cinema Novo:
"Só acho que a gente tem que se decidir: ou faz fita para agradar os intelectuais (uma minoria que não lota uma fileira de poltronas de cinema) ou faz para o público que vai ao cinema em busca de emoções diferentes. O público é simples, ele quer rir, chorar, viver minutos de suspense. Não adianta tentar dar a ele um punhado de absurdos: no lugar da boca põe o olho, no lugar do olho põe a boca. Isso é para agradar intelectual."
E aí, você concorda com Mazza?

Nenhum comentário: